sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Além dos muros

Fundação Colnaghi envolve comunidade e administração municipal em prol do desenvolvimento infantil 

Parceira da Rede CAAS (Crianças Amadas, Adultos Seguros) de Penápolis desde o seu surgimento, em 2009, a Fundação Nelly Jorge Colnaghi, fundada há 11 anos, atua de maneira exemplar na promoção do desenvolvimento infantil, atendendo crianças com idade entre 4 meses e 5 anos e 11 meses. Atualmente, a creche desempenha seu trabalho experimentando ações de colaboração que envolvem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e profissionais das secretarias municipais de saúde e educação.

Aperfeiçoamento
O contato e a parceria com o Programa Desenvolvimento Infantil, concebido pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, e as experiências oriundas do Programa Redes pela Educação Infantil (REDINs) - realizado pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e financiado pela Fundação Bernard van Leer, da Holanda - acrescentaram novos conceitos e estratégias ao trabalho das educadoras da Fundação Colnaghi e colaboraram para estabelecer uma concepção mais ampla em torno da educação e desenvolvimento infantil.

A partir dessas iniciativas, a Fundação engajou-se durante os últimos anos na multiplicação de alguns conceitos relacionados aos referidos programas junto à equipe de educadoras e famílias, entre eles, os conceitos de “acolhimento” e de “brincar”.

Mobilização e parcerias
Durante a 2ª Semana do Bebê de Penápolis, que ocorreu entre os dias 15 e 20 de agosto, a escola de educação infantil mobilizou profissionais, educadoras e familiares dos alunos em torno do evento organizado pela Rede CAAS.

O evento, cujo tema em 2011 foi “Olhos no futuro: a importância do desenvolvimento infantil”, estimulou a organização de ações de integração diárias com as famílias atendidas pela creche, propiciando uma interação maior dos pais com os filhos e educadores no ambiente escolar. 
Em função da semana temática, crianças do Jardim e Pré apresentaram no Teatro Lúmine e em algumas empresas da cidade a peça musical “De umbigo a umbiguinho”, música do compositor Toquinho. “A música reforça a importância do pré–natal, dos cuidados que a mãe deve ter e a presença do pai como fator primordial nos períodos gestacional e puerperal”, explica Eliani Serrano, diretora da creche. 

Norteados pelos ideais de colaboração e intersetorialidade, os profissionais da Fundação Colnaghi estabeleceram uma parceria com a Unidade Básica de Saúde do mesmo bairro em que se localiza, o Jardim Tropical.


Atividades como Hora da História, Futebol com os Pais, Rodas de Conversas com profissionais de diversas áreas, tais como nutrição, odontologia e fisioterapia, compuseram parte das ações da Fundação durante a segunda edição da Semana do Bebê. “São ações que demonstram o alcance mais amplo da Fundação no bairro em que atua, questão que certamente irá impactar positivamente no ambiente social das crianças aqui matriculadas e também na vida das famílias e crianças que por aqui passarão”, comentou a diretora.

Ao tratar das parcerias fortalecidas nos últimos anos, Eliani falou sobre a integração de ações com profissionais das secretarias da Prefeitura Municipal de Penápolis. “Para nós, é muito importante incluir nossas educadoras nas atividades de capacitação realizadas pela Secretaria Municipal de Educação”, afirmou. “Além da colaboração periódica da nutricionista Adriana Belletti, da Secretaria Municipal de Saúde, uma agente de saúde e/ou uma enfermeira da UBS vem até a creche para ajudar mães com problemas, tais como aqueles vinculados ao aleitamento. Nesses casos, essas profissionais prestam um serviço que ajuda inclusive na conscientização, pois enfatiza a importância da amamentação”, salientou.

Projetos
Durante a entrevista, Eliane citou alguns projetos que estão em fase inicial de desenvolvimento na creche. O primeiro deles trata das atividades especiais durante a semana da criança, em 12 de outubro de 2011. Na ocasião, as educadoras da Fundação Colnaghi efetuaram a Hora da Leitura em todas as manhãs nas dependências da UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Tropical, incluindo fantoches e atividades lúdicas para fins de recreação com o público infantil presente. As profissionais envolvidas pretendem aperfeiçoar este projeto, declarou a diretora.

Outro projeto iniciado no mesmo período consiste na reunião de um grupo de gestantes do bairro penapolense Jardim Tropical com o objetivo de orientá-las psicologicamente e estimular o vínculo mãe-bebê. O trabalho é feito pela psicóloga da Fundação, Camila Cruz, em parceria com as educadoras. Inspirados no projeto “Meu Primeiro Retrato” - desenvolvido pelo psicólogo Lucas Bondezan, do Grupo de Trabalho Humanizado da Santa Casa de Penápolis -, esta equipe se reuni com as mães, com idade entre 13 e 17 anos, realizam entrevistas e produzem retratos das gestantes durante a gravidez. Focado em dois eixos: ‘descobertas e sensações’, e ‘amor de mãe’, o projeto visa ao suporte psicológico e à estimulação do bebê dentro da barriga, através de carinhos, músicas e conversas. Os encontros ocorrem na UBS duas vezes por mês e, conforme Eliani, serão gravados CDs com músicas para estimular as gestantes nesse processo.

Reconhecimento
A Fundação Colnaghi foi premiada em 2009 com o selo “Aqui se brinca” que a empresa OMO/Unilever ofereceu em parceria com o Instituto Sidarta. Para conseguir o reconhecimento, a creche foi uma das 34 selecionadas entre 1,7 mil inscritas. Além do selo, a instituição penapolense recebeu um playground no valor de R$15 mil, prêmio entregue às cinco melhores escolas com as melhores práticas do brincar.

O selo “Aqui se brinca” é destinado às escolas de Educação Infantil e busca avaliar, principalmente, como o brincar é utilizado no dia a dia escolar para incentivar o desenvolvimento social dos alunos. A forma de avaliação segue pilares avaliados por uma comissão de especialistas em educação e desenvolvimento infantil das cinco regiões do país.

A empresa OMO produziu vídeos com as escolas vencedoras do selo. No vídeo abaixo, a psicóloga Maria Inês Peters, ex-diretora da creche e atual secretária executiva da Rede CAAS, fala sobre o trabalho desenvolvido pela Fundação Colnaghi e a importância do brincar. Confira!


Visite http://www.asperbras.com.br/ para conhecer um pouco mais do trabalho realizado pela Fundação Colnaghi. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O mundo do recém-nascido

Ele chega e chama a atenção de toda a família. Em cada movimento, um enorme enigma a ser desvendado. Visão, olfato, audição, reflexos. Tudo para ajudá-lo a se comunicar. Já nos primeiros 40 minutos de vida, começa a inteiração com o ambiente. Seu neném movimenta-se pouco, mas, em compensação, canaliza toda a atenção para ver e ouvir. Ainda na primeira semana, fica um longo tempo do dia em estado de alerta, prestando atenção a tudo que acontece ao seu redor. Por isso, o olho-a-olho com os pais é tão importante para ele.

Visão
Os bebês não nascem com uma boa visão. Nas primeiras semanas, enxergam melhor a uma distância de 20 a 25 cm. Apesar disso, é fácil chamar sua atenção. Experimente movimentar um objeto. De imediato, seu filho ficará imóvel por curtos períodos, podendo até parar de sugar, de chorar ou mesmo pode despertar, se estiver sonolento. Vai observar tudo com muito interesse, mas, logo depois, se desliga.
Apesar de não enxergar bem, o bebê nascido a termo (entre a 38ª e a 40ª semanas de gestação) é capaz de reconhecer sua mãe poucas horas após o parto. A visão é tão fundamental que o rosto dos pais torna-se um grande atrativo. É como se estabelecesse um diálogo com eles.

Tato
Um dos primeiros sentidos a se desenvolver, ainda no útero materno. É tão importante que algumas maternidades adotam o método mãe-canguru: acomodar o prematuro no colo da mãe, com a cabeça colocada em seu coração. O toque tranqüiliza e acelera o desenvolvimento do bebê, que ganha peso mais depressa e fica menos tempo no hospital.

Os recém-nascidos gostam de temperaturas mais morninhas; por isso um abraço é tão bem-vindo. Adoram ser aconchegados e, por vezes, aninham-se ao corpo da mãe. Estudos comprovam que bebês bem alimentados mas que não são tocados ou levados ao colo apresentam um desenvolvimento físico e mental bem mais lento. Portanto, aproveite a hora do banho ou antes de dormir e faça massagens suaves no corpinho do seu filho. Além de acalmá-lo, vai fortalecer – e muito – o vínculo entre vocês.

Outro ponto a ser destacado são os lábios e as mãos: atrativos certos. Os bebês podem gastar um longo tempo chupando os dedinhos, por exemplo. É o início das descobertas; tudo muito normal e saudável.

Paladar
Nos primeiros meses de vida, o leite materno é tudo o que ele precisa para se alimentar. Talvez por isso o paladar seja um sentido pouco desenvolvido. Ao nascer, a criança consegue reconhecer três dos quatro sabores básicos – doce, amargo e azedo, mas apenas o doce a agrada. Não distingue ainda o salgado, o que deve acontecer por volta do quarto mês.

Olfato
Um dos sentidos mais apurados do recém-nascido. Tanto que com apenas uma semana de vida ele já reconhece a mãe pelo cheiro. E está comprovado: esse aromas familiares tranqüilizam o bebê. Em contrapartida, odores fortes, como perfumes ou produtos de limpeza, podem irritá-lo. Portanto, evite-os. Fumaça de cigarro, então, está terminantemente proibida. O bebê reconhece melhor a mãe pelo cheiro e pela audição (voz) do que pela visão.

Audição
Um sentido apuradíssimo. Já na 25ª semana de gestação, através de ultra-sonografia, os fetos reagem com um sobressalto a ruídos altos. Pesquisadores afirmam que, ao nascer, o bebê reconhece a voz da mãe. Ainda com poucos dias de vida, já responde aos ruídos do ambiente. Como? Ao ouvir um barulho mais alto respira em ritmo acelerado ou então estica e encolhe os braços e as pernas, realizando o chamado Reflexo de Moro.
Papais e mamães: evitem sons altos e também aqueles que não agradam ao bebê. Ele é muito sensível. Fale suavemente junto ao seu filho e cante músicas de ninar, bem baixinho, para acalmá-lo.

Reflexos
Os reflexos aparecem já no nascimento, ainda involuntários, ou seja, apenas refletem reações neuromotoras aos diversos estímulos que recebe. Nessa fase, dois reflexos se destacam: o de sugar, necessário para a sobrevivência do bebê, e o de Moro, que consiste em esticar e encolher braços e pernas.


Sono
Nos primeiros dias de vida, o bebê dorme por até 18 horas. Acorda apenas algumas vezes para mamar. O sono oscila entre o tranqüilo, em que rosto e corpo estão bem relaxados e as pálpebras imóveis; e o ativo, quando os olhos estão meio abertos e a criança pode mexer os braços e as pernas. A respiração é irregular e rápida.

Choro
Essa é a forma que o bebê tem de se comunicar e avisar se está com fome, algum desconforto ou dor. A face fica avermelhada e há movimentos vigorosos de pernas e braços. Quer uma dica? Em muitos casos, apenas segurar o bebê no colo pode acalmá-lo. O colo não tem contra-indicação e faz bem em qualquer idade.


Lilian Luz
Consultoria: Dr. Paulo Roberto Lopes, pediatra. Médico da Unidade Materno-Infantil do Hospital dos Servidores/RJ


sábado, 21 de janeiro de 2012

Rotina ajuda a deixar os bebês mais seguros - e tranquilos

Se repararmos bem, bebês são seres altamente fisiológicos. E fisiologia, lembrando das aulas de biologia, é ritmo puro: há o momento de nutrir o corpo, de repousar, de eliminar o que não será mais utilizado pelo organismo... 


Quando o dia a dia do pequeno é organizado de uma maneira minimamente rítmica, a vida dele (e, por tabela, de seus pais) fica mais tranquila. "Claro que não é o caso de transformar a casa num quartel, a vida não é uma engenharia, mas criar uma rotina para a criança desde cedo é muito bom para todos. Os pequenos se sentem seguros com isso", observa José Carlos Neves Machado, pediatra antroposófico. 

Cada família tem sua estrutura e suas particularidades, mas sempre é possível estabelecer uma ordem para os eventos acontecerem na vidinha do bebê. Se ele toma banho no fim da tarde, mama e vai para o berço, o ideal é procurar manter essa sequência diariamente. Num dia de festa, obviamente, tudo sai um pouco do eixo, ninguém precisa se desesperar por causa disso nem abandonar de vez a vida social. O que não é legal é nunca ter hora para comer ou para dormir, por exemplo. 

"Outro ponto importante é aquietar a casa nos momentos que antecedem o sono. Desligar a TV, diminuir as luzes, provocar um recolhimento. Hoje, vivemos tão para fora, num ritmo tão frenético, que nem nos damos conta do quanto isso é importante para nós mesmos e, claro, para os bebês", ressalta o doutor. 

Com o ambiente tranquilo, fica mais fácil para o pequeno adormecer. À medida que o filhote cresce, outros rituais podem ser associados ao ato de ir dormir, como contar uma história a ele ou fazerem juntos uma pequena oração. Além de darem segurança às crianças, esses momentos acabam se tornando mais uma oportunidade de fortalecer o vínculo com elas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ação das Secretarias Municipais de Educação e Saúde capacita enfermeiros para utilização dos Espaços Lúdicos das UBS

Profissionais das Secretarias Municipais de Educação e Saúde em parceria com a Rede CAAS (Crianças Amadas, Adultos Seguros) organizaram na última quarta-feira (18) na Sala Pedagógica da Prefeitura Municipal de Penápolis uma oficina para auxiliar cerca de 20 profissionais da enfermagem de todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e da Santa Casa de Penápolis no processo de elaboração e utilização dos Espaços Lúdicos instalados nesses órgãos.
Sob responsabilidade de Maribel Almeida Ribeiro Oliveira, coordenadora pedagógica geral de Educação Infantil da SME, a oficina ressaltou a importância do brincar para o desenvolvimento integral das crianças. Os profissionais foram estimulados a refletir sobre o que é necessário para complementar os Espaços Lúdicos das UBS e de que forma poderão trabalhar com as crianças que passam por esses locais.
Enfermeiros participam do Jogo
do Vínculo durante oficina.
O “Jogo do Vínculo”, uma dinâmica de grupo, foi realizado durante o encontro. “Através de uma brincadeira conseguimos passar conceitos e uma reflexão sobre o desenvolvimento infantil”, explicou Leonila Torrezan Aguiar, chefe do Serviço de Creche da Secretaria Municipal de Educação (SME). “O intuito é que os enfermeiros adaptem e modifiquem este jogo para que possam trabalhar com diversos temas em suas unidades, tais como a amamentação, cuidados com a criança, entre outros”, completou.
Durante a ocasião, os enfermeiros receberam mais de 70 livros infantis doados pelo Instituto Itaú Social para a Rede CAAS, além de jogos de tapetes em material emborrachado (peças do Jogo do Vínculo) para serem utilizados nos Espaços Lúdicos das UBS.
A psicóloga Inês Peters, da Rede CAAS,
fala aos participantes.
Entre as diversas experiências proporcionadas pelo brincar, Maria Inês Peters, secretária executiva da Rede CAAS, ressaltou que “brincando a criança entra em contatos com suas fantasias e sentimentos, testa e exercita suas habilidades, o que colabora para a construção de sua identidade”.
Sobre a adaptação dos Espaços Lúdicos nas UBS, as profissionais afirmaram que o ato de brincar exige um ambiente onde o faz-de-conta possa existir e que não há uma receita para organizar esse espaço nem a necessidade de brinquedos específicos. “O mais importante é que os Espaços Lúdicos sejam um espaço onde as crianças possam ser acolhidas e tenham a oportunidade de viver sua infância em toda a sua plenitude”, finalizou Inês.
Com recursos da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), a Rede CAAS equipou todos os Espaços Lúdicos das UBS de Penápolis com aparelhos de televisão e DVD, além de tapetes infantis emborrachados. Na próxima semana serão entregues nessas unidades mais livros infantis, filmes educativos e alguns brinquedos, também financiados pela FMCSV.

Rede CAAS
Do convênio entre a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), de São Paulo, Associação Unidos Pela Vida e Prefeitura Municipal de Penápolis surgiu em 2009 o projeto social Rede CAAS. Por meio da articulação de parcerias entre os setores público, privado e organizações sociais, a Rede CAAS realiza ações que integram os serviços de saúde, educação e assistência social do município de Penápolis. 

Confira mais imagens do encontro
Leonila Torrezan (SME) e Beatriz Anhesini
(Colégio Futuro) conferem livros infantis.

Kits com tapetes de E.V.A. e livros infantis
foram entregues para enfermeiros durante encontro.

A dinâmica de grupo Jogo do Vínculo foi
apresentada para os profissionais.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

'Investimento em 1ª infância é o mais essencial'

Crianças pobres não estão condenadas a rendimento educacional mais baixo, mas bons programas são necessários, diz pediatra

A ciência dirimiu todas as dúvidas quanto à relevância social da educação na primeira infância - entre 0 e 6 anos. Falta agora os gestores públicos acordarem para o tema, afirma o pediatra Jack Shonkoff, do Centro para o Desenvolvimento Infantil, de Harvard. O pesquisador americano reconhece a dificuldade de convencer políticos a investir tempo e recursos em projetos que só darão frutos quando tiverem deixado o cargo. Ele veio recentemente a São Paulo para o Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, organizado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, e falou ao Estado sobre as descobertas na área. 

Qual é o estado atual do conhecimento sobre educação na primeira infância? 

Houve uma revolução. Durante décadas, observávamos claramente como uma família preocupada com a educação das crianças na primeira infância poderia exercer um poderoso estímulo no seu desenvolvimento. Também ficava patente que a exposição precoce a ambientes violentos tem um impacto muito negativo. 

Agora, começamos a entender como esses fatores de estímulo ou estresse influenciam a fisiologia da criança com menos de 6 anos, especialmente o cérebro. Tal conhecimento ajuda muito na hora de pensar intervenções para diminuir o abismo que separa crianças que receberam uma educação adequada daquelas expostas a um ambiente ruim. 

Quais intervenções são possíveis com esse conhecimento? 

Protagonistas. "Pais são os principais
atores na educação". 

Precisamos identificar qual é a situação da criança. Há muitas famílias pobres que dão uma excelente educação para os filhos. Elas só não têm dinheiro e informação. Nesse caso, basta organizar programas que ofereçam informação para os pais e escolas de boa qualidade mantidas com dinheiro público. 

Crianças submetidas a um ambiente marcado por doenças mentais, drogas ou relacionamentos violentos são um problema bem mais complexo. A ciência tem mostrado que o impacto do estresse nessa fase é tão grave que aumenta o risco de hipertensão, diabete e cardiopatias na idade adulta. Naturalmente, o cérebro é o principal afetado com danos comprovados em diversos circuitos. Educadores - e, na medida do possível, os pais - precisam identificar com precisão qual é o fator de estresse e tentar criar um espaço de segurança ao redor da criança. Precisarão ensinar a ela técnicas para lidar com as situações negativas, minimizando os danos. Sem isso, prover os estímulos tradicionais é insuficiente, porque eles não serão eficazes para corrigir os prejuízos sofridos na afetividade e cognição. 

O que diferencia os programas de sucesso dos ineficazes? 

O principal fator determinante para o sucesso de um programa é o treinamento adequado dos educadores. Há uma tentação de pagar pouco para esses profissionais, o que é uma economia ilusória. O resultado que você consegue por cada dólar investido cai bastante. E a qualificação é tanto mais necessária quanto maiores são os dramas enfrentados pelas crianças. O número de adultos necessários ao lado das crianças é também maior quanto mais novas elas são. Quinze crianças de 3 anos para um único adulto, por exemplo, é uma situação enlouquecedora. Além disso, um único programa aplicado para toda a população costuma ter resultados ruins. É preciso conceber diferentes programas que correspondam às necessidades específicas de cada grupo. Os pais continuam sendo os atores mais importantes na educação dos filhos. Programas que conseguem engajá-los na formação das crianças apresentam taxas de sucesso muito maiores. Mas são necessário programas especiais para grupos de risco. 

Qual deve ser o foco da educação nessa fase da formação? 

O estímulo do uso da linguagem - conversar muito com as crianças, ler para elas. Só assim elas conseguem criar sua própria linguagem. 

Como medir o progresso das crianças no início da infância? 

Por um lado, é muito fácil. Há protocolos científicos bem estabelecidos que conseguem avaliar as aptidões desenvolvidas desde cedo. Testes, por exemplo, que avaliam a resposta a estímulos visuais com base no movimento dos olhos da criança. A dificuldade não está aí, mas na imensa variabilidade do ritmo de desenvolvimento de uma criança para outra. Por isso, precisamos de pessoal qualificado para interpretar os resultados dos testes tendo em conta esta variabilidade. Sem isso é impossível identificar se os métodos pedagógicos estão produzindo resultados adequados e tomar decisões racionais baseadas em evidência. Consequentemente, o dinheiro investido pode estar escoando pelo ralo. 

Em um País como o Brasil, com um sistema educacional público imenso e repleto de problemas, vale a pena falar em investimentos na primeira infância? 

Sem dúvida alguma. Precisamos tomar a decisão política de priorizar a primeira infância. O Brasil é um país que está crescendo economicamente mas ainda sofre com uma distribuição de renda muito desigual. Tem uma necessidade enorme de capital humano. 

Devemos compreender de uma vez por todas que crianças que nasceram em uma família pobre não estão necessariamente condenadas a um subdesenvolvimento cognitivo. Não precisa ser assim. E o dinheiro investido na primeira infância apresenta a melhor relação custo-benefício de todos os investimentos feitos em educação. 

A segunda decisão política a ser tomada é reconhecer que, para grupos restritos da população, estímulo educacional não é suficiente. Para famílias em situações de maior vulnerabilidade, são necessários programas para diminuir e compensar os fatores de estresse na educação das crianças. 

A sociedade deve perceber que o investimento na primeira infância compensa. Além de aumentar a população economicamente ativa no futuro, reduzirá também o número de pessoas que vai parar nas prisões. Há estudos que comprovam isso. Precisamos perceber que a sociedade é a maior beneficiada. / A.G.


Fonte: O Estado de S. Paulo, 08/01/2012.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Afinal, o que seria mesmo o “colo”?


Quando pensamos em dar colo a um bebê, logo imaginamos aquele colo gostoso que mesmo quando grandes gostamos de ter. Portanto, o colo de hoje, quando completo de carinho, afeto, amor e atenção, é tão bom quanto foi o mesmo quando éramos bebês.

Mas tem “colos” e “colos”, por exemplo: Alguém já vivenciou a experiência de pedir um colinho para alguém e a outra pessoa dizer mais tarde eu dou, ou então de deitar no colo da pessoa e ficar esperando um contato visual, um “cafuné”, um sorriso e na verdade perceber que só teve ali algo físico sem contato íntimo de troca?

Por isso que abro aqui espaço pra poder discutir outro tipo de colo, não só esse onde às vezes emprestamos nossos braços para o bebê, ou nossas pernas para alguém se deitar, quero ir mais além, penso aqui no colo que talvez estejamos esquecendo de falar, o colo psicológico. Realmente não ouvimos com muita freqüência essa expressão, mas esse colo existe, e é muito importante para nosso desenvolvimento inicial de vida e também por toda a nossa história.

Falar desse colo psicológico é ir além do segurar o bebê, ou então dar o peito, é sim aprofundar mais nessa relação, proporcionando um contato íntimo entre você e o bebê, com troca de olhares, carinhos, palavras amorosas, toque suave, sorrisos e respeito pelo momento do bebê e também da mãe.

Ampliamos ainda mais, o colo deve ter braços mais longos, com o pai que vai dar um colo também para essa mãe e para o bebê; ele é figura cada vez mais importante e necessária nessa relação, onde o clima dessa família vai proporcionar esse colo físico e psíquico com mais qualidade.

É necessária a existência de um espaço de potencialidades de desenvolvimento. Freqüentes conflitos conjugais, a irritabilidade e o desrespeito, quando evidentes e predominantes, não permitem que ocorra esse espaço potencial. Uma mãe com problemas ou uma família em “guerra” poderá ter dificuldade em oferecer esse colo. Segundo os pesquisadores Piccinini, Seidl de Moura, Ribas, Bosa, Oliveira, Pinto, Schermann & Chahon (2011), as interações se constituem em interjogos entre parceiros onde um influencia o outro em um processo contínuo de desenvolvimento, a partir de mecanismos de regulação recíproca. Dessa forma o vínculo deve ser estabelecido não apenas com o bebê, mas também entre o casal, sendo a família um espaço para oferecer o colo, mas também ter ali uma fonte de recebimento de todo essa afeto.

Não podemos esquecer, conforme relata Maldonado (2000), que a fase do puerpério faz parte do ciclo vital, onde se encontra um período propenso a crises, por causa das mudanças físicas e psicológicas. Para Winnicott (1978), a mãe entra em um estado especial denominado “preocupação materna primária”, em que ocorre um estado de sensibilidade aumentada, cujo objetivo é capacitar a mulher a se preocupar com seu bebê. É uma fase de mudanças e muitas vezes a mãe não é compreendida nesse aspecto mais amplo de mudanças e muitas vezes cobranças.

Contextualizei essa fase para pensar novamente no “colo”, no colo que o bebê precisa, mas também no colo que a mãe recebe, no pai que alonga esses braços para acolher também. Vamos pensar naquele momento em que o bebê está nos braços, e, sem perceber, o olhar da mãe está voltado para a TV ou fazendo outra coisa. O bebê vai esperar o olhar da mãe, o toque e a fala. Não podemos esquecer também do colo que a mãe espera depois de colocar o seu bebê para dormir, um "colinho" gostoso com palavras doces, olhar suave, compreensão e carinho. Assim, poderemos falar do “colo” em seu aspecto mais amplo, físico e emocional, o amor não vem apenas pela via física, mas de outras maneiras muitas vezes esquecidas.

Lucas Bondezan Alvares, psicólogo. 
Membro da Rede CAAS e do Grupo de Trabalho Humanizado da Santa Casa de Penápolis. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Campanha de Amamentação

A campanha de incentivo à amamentação realizada pela Rede CAAS (Crianças Amadas, Adultos Seguros) em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e Prefeitura Municipal de Penápolis ocorreu através de diversos meios de comunicação em Penápolis.

Jornal: A campanha foi veiculada em outubro nos três jornais da cidade: Jornal Interior, Diário de Penápolis e Jornal Regional. No formato rodapé, em duas edições. As empresas de comunicação foram parceiras da Rede CAAS e veicularam gratuitamente a peça publicitária. 

Outdoor: Foram veiculadas oito placas de outdoor durante a segunda quinzena do mês de dezembro de 2011 e também nos primeiros dias de janeiro de 2012. A loja Miriam Pinheiro patrocinou o espaço de três placas. 

Rádio: Uma vinheta foi gravada e veiculada pelas rádios penapolenses Ativa FM e Difusora de Penápolis AM durante novembro e dezembro de 2011. A Ativa FM anunciou diariamente 7 spots e concedeu desconto nos valores de sua tabela de preços, além de bonificar a Rede CAAS com aproximadamente 60 inserções (duas por dia). Já a Difusora veiculou 8 spots diários no espaço reservado à PMP durante 30 dias; em dezembro a campanha foi veiculada novamente por dez dias, de 15 a 24 de dezembro. 

TV: As nutricionistas Cláudia Slavez, da Santa Casa de Penápolis, e Adriana Belletti, da Secretaria Municipal de Saúde, participaram de um boletim informativo no Star News, canal 23 da TV a Cabo de Penápolis. Na ocasião, ressaltaram a importância do aleitamento materno e deram dicas de como efetuar a ordenha, especialmente para mães que trabalham. Confira o vídeo abaixo.



Confira abaixo o spot e um dos layouts utilizados durante a campanha.