quarta-feira, 24 de agosto de 2011

2ª Semana do Bebê: Oficina de Boneca Estrela

"Boneca Estrela ou boneca de nós: a primeira boneca do bebê"
Oficineira: Sandra Sisla

Material:
Tecido de algodão rosa de 60 cm por 60 com 9ª (cor rosa é indicada mesmo para meninos ou cores pastéis)
100gr de Lã de carneiro para prenchimento(ou fibra acrilica)
Linha de pipa
Linha da cor do pano para costurar
Alfinetes
Agulha

Objetivos específicos:
Refletir com Profissionais da área da saúde, educadores, mães e adolescentes por meio da confecção da boneca de pano, sobre os significados culturais e afetivos envolvidos neste marcante objeto da infância
Refletir sobre a relevância da qualidade dos materiais para as experiências sensoriais no desenvolvimento infantil.
Refletir sobre a vivência do contato com a boneca com materiais orgânicos e “vivos”.
Estimular a criatividade, a atenção, o capricho e o cuidado durante a confecção da boneca.
Vivenciar a materialização de um projeto a partir de uma idéia e concretizá-la fortalecendo a individualidade e a força da vontade.

Etapas
Cruz –Fazer duas cruzes sobrepostas com tiras de lã
Cabeça – Enrolar a lã firmemente até fazer uma bola bem dura que caiba na palma da mão
Polvo – Colocar a bola no centro das cruzes e amarrar com linha de pipa
Moleira – Dobrar o tecido em tres partes iguais, abrir a ultima e dobras verticalmente ao meio. Fazer um maraca no pano bem no centro que será a “moleira” da boneca. Coloca a cabeça bem em cima da marca e amarrar com linha de pipa
Pernas – Na base inferior dobrar ao meio e marcar o cavalo. Uma mão segura o cavalo e a outra a ponta do pano, a mão do cavalo vai para a bora lateral. Passar alfinete em toda a extenção fazer igual para o outro lado
Braços – Fechar com alfinetes a partir das pontas
Costura – Começar pelas pernas, deixar um buraco no centro que será fechado por ultimo
Nós – Amarrar nós nas pontas de cada membro
Preenchimento – Colocar lã suficiente para ficar fofo, não estufar muito com a lã.
Fechamento – Encontrar as 4 costuras dos membros
Toca – Usar a criatividade.

Depoimento
“Para a 2ª Semana do Bebê de Penápolis realizei quatro oficinas de boneca. A "Boneca estrela ou boneca de nós: a primeira boneca do bebê" é uma boneca simples de fazer e como todo trabalho manual, precisamos de determinação e persistência. Tão distante de nós está vivenciar o processo das coisas, afinal quase tudo vem pronto, assim é tambem com os brinquedos das crianças, as bonecas já fazem tudo; sorriem, choram, pedem coisas, comem e fazem xixi....Os pais ficam encantados com as possibilidades quando na realidade estas bonecas “fazem tudo” retiram a possibilidade da fantasia e criatividade, um modelo de brinquedo pronto é sempre dirigido e não possibilita a amplitude da imaginação da criança.
Foi interessante escutar os relatos da boneca querida da infância, muitos participantes disseram que não haviam tido boneca, apenas as de sabugo de milho feita por elas mesmas ou de buchinha ou até de tijolo. A referência cultural da boneca tem sido as bonecas fabricadas e impostas pela mídia, pudemos constatar no entanto que as brincadeiras com as bonecas de sabugo eram tão envolventes, se não muito mais legais, do que as de plástico, em alguns relatos nem chegavam a brincar com elas “ ficavam ali mesmo na caixinha ou no suporte de onde vieram”.
Convidei os participantes a experimentarem com os sentidos uma boneca de pano e outra de plástico, pude observar que a boneca de pano era abraçada e cheirada e em todas as oficinas a de plástico chegava primeiro de volta a mim. Qual a diferença? Os materiais orgânicos, naturais( tecido de algodão, lã de carneiro) carregam vitalidade, são vivos. Ao manusear brinquedos de material natural podemos perceber esta “verdade”; a textura, o calor,  enquanto o plastico é material “morto”frio e duro. A criança sente esta “verdade” contida nos brinquedos.
Refletimos tambem sobre o significado e o aprendizado da criança ao brincar com a boneca? A boneca é o único brinquedo que a criança experimenta as qualidades do humano, a criança se identifica com a boneca e se espelha nela, assim aprende sobre si mesma e  pode processar suas vivencias e experiencias na interação; com sua boneca a criança pode experimentar o cuidar do outro, as relações sociais e entre os familiares.
 As dimensões da boneca precisam ser compatíveis com a realidade.  A característica da boneca estrela é que não precisa ter rosto, apesar de muitos se incomodarem com isso, não é uma necessiade para um bebê bem pequeno. Neste momento é a cabeça o que nos chama mais atenção, é uma bola dura e redonda, os membros são apendices de forma radial com as proporções correspondentes as dimenções humanas, a boneca é quase uma almofadinha. As barbies por exemplo não tem as dimensões comuns do humano, ao se identificar com ela   podem provocar expectativas irreais e frustrações, é muito dificil ser Barbie.
A cor do tecido foi tema polêmico em alguma das oficinas, na preparação dos tecidos foram incluidos tecidos de cor preta, afinal porque não teriamos bonecas pretinhas neste Brasil mestiço? A questão de genero e raça no entanto não precisam entrar como características desta boneca pelo fato de que a cor sugerida; rosa, amarelo ou tecido de algodão de cores pastéis, tem como objetivo acalmar e tranquilizar o bebe, afinal colocamos almofadas pretas ou escuras dentro do berço de bebês? Para as bonecas das crianças mais velhas a cor da pele é importante característica para sua identificação. De qualquer forma nasceram algumas bonecas pretinhas.
Os grupos foram diversificados e com caractrísticas bem diferentes, dois deles estiveram presentes professores da educação infantil, psicologos, assistentes sociais, agentes comunitários, enfermeiros e os outros dois um no CRAS para mães  e outro no CREAS para adolescentes.
As histórias que surgiram nos emocionaram e pudemos costurar nossas narrativas, dar nós firmes e confiantes, testar nossa paciência e determinação ao terminar um projeto, ultrapassar desafios, exercitar o silêncio e a concentração, criar e se apaixonar pela nossa criação e ser capaz de fazer algo muito lindo!”.  

Sandra Sisla, fisioterapeuta, doula e educadora Pré-Natal. 

Um comentário:

  1. Lindo essa iniciativa a importância de materiais vivos como a lã e não algo artificial, o calor que a lã transfere para o bebê diferente do plástico, etc...
    Por gentileza preciso do contato da Sandra Sisla.
    edimusical@gmail.com
    ou o blog
    http://mamaemusical.blogspot.com/

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